segunda-feira, 30 de março de 2009



“Quanto a mim, porém, de nada me quero gloriar, a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” (Gál 6, 14)


Está é a frase de S. Paulo que mais me tem marcado porque sem a CRUZ não podemos falar de CRISTO, sem a CRUZ não há cristianismo, sem a Cruz não podemos ser cristãos, não podemos seguir JESUS. Porém não é uma CRUZ que esmaga mas redime e salva, é a CRUZ que nos faz reconhecer que a nossa vida só faz sentido quando a dermos por Amor a CRISTO e aos irmãos. Como Paulo é preciso reconhecermos que toda a nossa glória está na CRUZ de Nosso Senhor JESUS CRISTO.

Porém, houve algo que aprendi nas aulas de soteriologia e que me fez amar uma outra frase de Paulo:

“Aquele que não havia conhecido o pecado, Deus O fez pecado por nós, para que nos tornássemos, n´Ele, justiça de Deus.” (2 Cor. 5,21)
Esta frase não quer dizer-nos que CRISTO é pecador mas quer mostrar-nos que ELE amou tanto o homem a ponto de ir buscá-lo aonde ele se encontrava. O homem com o pecado afastou-se radicalmente de DEUS, visto que o pecado é o afastamento de DEUS, é negar a Graça de DEUS para a nossa vida. Neste contexto Paulo afirma esta frase, apresentando a “kénose” como um radical afastar-se de DEUS, CRISTO afasta-SE para ir buscar o homem onde ele se encontrava que é no radical afastamento de DEUS. Pois se o pecado é afastamento de DEUS, é preciso ir buscar o homem aonde ele se encontrava para voltar a introduzi-lo na comunhão com DEUS. No entanto CRISTO não fica manchado com o pecado mas sim tira o homem do pecado e fá-lo participante da Sua Glória.


(Col 1,24)
Cristo entre nós -
24Agora, alegro-me nos sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja.

As viagens de Paulo nem sempre correram bem, pois ele foi muito perseguido por causa das suas belíssima pregação. Ele viveu em constante perigo e tensão entre os povos que ele evangelizava (2Cor 11, 23-33).Paulo, apesar das suas tribulações, confia sempre em Deus (Rom 8, 35-39).
Na Carta aos Colossenses (Col 1,24), podemos ver que em Paulo existe uma espécie de identificação entre o evangelho e o evangelizador. Unido a este mistério do Senhor crucificado e ressuscitado ele, Paulo, afirma confiante que Cristo vive nele (Gl 2,20):

(Gl 2,20)20*Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. E a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim.

A teologia da redenção em S. Paulo tem como tema principal o tema da cruz. O ponto central da sua mensagem é o Senhor crucificado, pois ele, Paulo, vive na sua carne a Paixão do Senhor. Paulo identifica-se com isto. É o Evangelho que se torna carne em Paulo.
Paulo anuncia Cristo crucificado.
A cruz é escândalo para os judeus e loucura para os romanos e pagãos, pois é sinal de morte, sinal de perda. Ora em Cristo nada disto acontece. A cruz é a maior revelação do amor de Deus para com o seu povo; a cruz é o amor de Deus que se manifesta na aparente fragilidade, na aparente perda, no aparente escândalo. Esta máxima manifestação de amor de Deus representada na cruz confunde e desconcerta os seus espectadores, pois a própria cruz contradiz a própria essência omnipotente de Deus. É, pois, nesta manifestação de amor de Deus na cruz que a humanidade e a divindade se unem. A cruz revela a verdadeira sabedoria de Deus que é mais forte que os homens. Ela não limita o poder de Deus.
A pessoa de Cristo é o mistério que constitui a missão apostólica de S. Paulo. O ser apóstolo supõe tomar parte desta cruz do seu Mestre; supõe corresponder ao chamamento do seu Mestre e seguir-Lo (Lc 9,23):

(Lc 9,23) Condições para seguir a Jesus 23Depois, dirigindo-se a todos, disse: «Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me.

Para Paulo, ser apóstolo é tomar a sua cruz iluminada com a luz Pascal e seguir a Cristo, porque a misericórdia de Deus está manifestada em Jesus Cristo. Ser apóstolo é unir-se ao sofrimento do seu Mestre e completar em si aquilo que faltou na Paixão de Cristo, tal como o apóstolo Paulo afirma em (Col 1,24).

A minha frase paulina é da Carta aos Filipenses 2, 5:


«Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus...»







Revelação divina do Evangelho (Gl 1, 11-17)

11Com efeito, faço-vos saber, irmãos, que o Evangelho por mim anunciado, não o conheci à maneira humana; 12*pois eu não o recebi nem aprendi de homem algum, mas por uma revelação de Jesus Cristo.13*Ouvistes falar do meu procedimento outrora no judaísmo: com que excesso perseguia a Igreja de Deus e procurava devastá-la; 14e no judaísmo ultrapassava a muitos dos compatriotas da minha idade, tão zeloso eu era das tradições dos meus pais.15Mas, quando aprouve a Deus - que me escolheu desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua graça - 16*revelar o seu Filho em mim, para que o anuncie como Evangelho entre os gentios, não fui logo consultar criatura humana alguma, 17*nem subi a Jerusalém para ir ter com os que se tornaram Apóstolos antes de mim. Parti, sim, para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.

Paulo era um fariseu piedoso que cumpria a Lei, mas não conhecia Jesus.
O conhecimento sobre Jesus vai muito mais além de nós próprios.
Paulo, mesmo sabendo coisas sobre Jesus através dos ensinamentos dos discípulos, não conhecia O conhecia verdadeiramente, pois o conhecimento sobre Jesus é de outra ordem. Não basta estar no Templo; não basta saber coisas, mas sobretudo é preciso que a Palavra se nos manifeste. Para que tal aconteça é preciso que não nos tornemos obstáculo da Palavra de Deus que é Jesus Cristo. Deixar-se encontrar por Deus é deixar-se que a Palavra de Deus nos guie e encarne em nós. O homem só pode conhecer Deus se cumprir a sua Aliança.
O conhecimento de Deus não é do ponto de vista enciclopédico mas sim um conhecimento a maneira dos profetas do Antigo Testamento.
O conhecer Cristo não é algo de âmbito abstracto, mas de âmbito muito concreto, pois pressupõe vivência no quotidiano. O conhecimento sobre Jesus é algo que nos desfia a ir mais longe; é algo que nos convida a relacionarmo-nos com Ele. Conhece-Lo é deixa-Lo viver em nós.
Relativamente a este tema do conhecimento, podemos observar que, na segunda Carta aos Coríntios (2Cor 5,16), S. Paulo fala de dois tipos de conhecimento: o conhecimento segundo a carne e o conhecimento segundo o coração.

(2Cor 5,16)
16
*Por conseguinte, de agora em diante, não conhecemos ninguém à maneira humana. Ainda que tenhamos conhecido a Cristo desse modo, agora já não o conhecemos assim.

O conhecimento segundo a carne é um conhecimento mais limitado que o segundo, pois enquanto que o primeiro permite conhecer o outro mediante as suas acções, as suas características físicas e psicológicas, o segundo permite conhecer o outro naquilo que ele é de mais intimo, ou seja, no fundo é conhece-lo realmente. O segundo conhecimento aplica-se a Pessoa de Deus, pois Ele conhece o homem no seu intimo, visto que, como dizia Sto. Agostinho, “Ele é mais intimo que o nosso próprio intimo”, logo Ele ama-nos e conhece-nos segundo o coração. O conhecimento de Deus é anterior ao nosso próprio conhecimento.
Em suma, o conhecer a Deus pressupõe uma relação intima de amor entre o próprio Deus e o homem.

(Rom 5, 12-20): "O amor de Deus, força da nossa esperança"
S. Paulo, nas suas cartas, como por exemplo nesta de (Rom 5, 12-20), refere a universalidade do pecado. O seu primeiro tema é a universal necessidade da redenção, dado que quer judeus, quer gentios, todos sem excepção, estão sob o domínio do pecado (Rom 5,12-20). Daqui surge a questão adamica de que, por Adão vem o pecado e a morte, e por Cristo vem a salvação e a vida. Cristo é, pois, o novo Adão que reconcilia o homem com Deus. Nele, o homem é justificado no seu sangue.
(Rom 5, 12,20)Pecado de Adão e graça de Cristo - 12Por isso, tal como por um só homem entrou o pecado no mundo e, pelo pecado, a morte, assim a morte atingiu todos os homens, uma vez que todos pecaram... 13De facto, antes da Lei já existia o pecado no mundo; mas o pecado não é tido em conta quando não há lei.14Apesar disso, desde Adão até Moisés reinou a morte, mesmo sobre aqueles que não tinham pecado por uma transgressão idêntica à de Adão, que é figura daquele que havia de vir.15Com efeito, o que se passa com o dom gratuito não é o mesmo que se passa com a falta. Se pela falta de um só todos morreram, com muito mais razão a graça de Deus, aquela graça oferecida por meio de um só homem, Jesus Cristo, foi a todos concedida em abundância. 16E também com o dom não acontece o mesmo que acontece com as consequências do pecado de um só. Com efeito, o julgamento, que partiu de um só, teve como resultado a condenação; enquanto que o dom gratuito, que partiu de muitas faltas, teve como resultado a justificação.17De facto, se pela falta de um só e por meio de um só reinou a morte, com muito mais razão, por meio de um só, Jesus Cristo, hão-de reinar na vida aqueles que recebem em abundância a graça e o dom da justiça.18Portanto, como pela falta de um só veio a condenação para todos os homens, assim também pela obra de justiça de um só veio para todos os homens a justificação que dá a vida. 19De facto, tal como pela desobediência de um só homem todos se tornaram pecadores, assim também pela obediência de um só todos se hão-de tornar justos.20*A lei interveio para aumentar a falta, mas, onde aumentou o pecado, superabundou a graça.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Poema a São Paulo

Mente positiva,
Coração em festa
Descobrem clareiras
Em qualquer floresta.
Há sempre uma luz
Que vem do Oriente
E dá cor à vida
De um corpo doente.
Basta uma palavra,
Um gesto, um sorriso,
Para nos levar
Até ao paraíso.
Se te sentes triste
Porque não tens força,
Dá lugar à Esp’rança,
Que a vida é outra.
Sorri, tu também,
A quem te visita.
Apesar da noite,
Viver é uma dita!
Sorri a ti mesmo,
Porque Deus te ama,
Embora o teu corpo
Te cole a uma cama.
É sempre possível,
Quando a fé nos guia,
Descobrir a Estrela
Que nos alumia
E nos mostra a vida
Em toda a beleza,
Ao renascer forte
Da própria fraqueza.
(Lina FMM)

A minha frase de São Paulo

2Cor 3, 3

«É evidente que sois uma carta de Cristo, confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações».

Metáforas em 1Cor 3,6-9

«6Eu plantei, Apolo regou, mas foi Deus quem deu o crescimento. 7Assim, nem o que planta nem o que rega é alguma coisa, mas só Deus, que faz crescer. 8Tanto o que planta como o que rega formam um só, e cada um receberá a recompensa, conforme o seu próprio trabalho. 9Pois, nós somos cooperadores de Deus, e vós sois o seu terreno de cultivo, o edifício de Deus.»

ESTADIA EM CORINTO

Depois, de Atenas chegou a Corinto, onde se deteve por um ano e meio. E ali temos um acontecimento cronologicamente muito seguro, o mais seguro de toda a sua biografia, porque durante esta primeira estadia em Corinto ele teve que comparecer diante do Governador da província senatorial de Acaia, o Procônsul Galião, acusado de um culto ilegítimo. Sobre este Galião e sobre o seu período em Corinto existe uma antiga inscrição encontrada em Delfos, onde se diz que era Procônsul em Corinto, entre os anos 51 e 53. Por conseguinte, aqui temos uma data absolutamente certa. A estadia de Paulo em Corinto teve lugar naqueles anos. Portanto, podemos supor que chegou mais ou menos no ano 50 e permaneceu ali até 52. Depois, de Corinto, passando por Cêncreas, porto oriental da cidade, dirigiu-se para a Palestina, chegando a Cesareia Marítima, de onde subiu a Jerusalém e então voltou para Antioquia sobre o Oronte.

Duas metáforas na Epistola aos Galatas

Não é por bem que eles andam a interessar-se por vós. Pelo contrário: o que querem é separar-vos de mim, para que vos interesseis por eles. Bom é, sim, que vos interesseis sempre pelo bem, e não apenas quando estou convosco. Meus filhos, por quem sinto outra vez dores de parto, até que Cristo se forme entre vós! Sim, como desejaria estar agora convosco e mudar o tom da minha voz! É que eu estou perplexo a vosso respeito. (Gl 10, 17-20)


Corríeis bem. Quem foi que vos deteve, impedindo-vos de obedecer à verdade? Uma persuasão assim não vem daquele que vos chama. Um pouco de fermento faz fermentar toda a massa. Eu, a respeito de vós, tenho confiança no Senhor, de que de maneira nenhuma ireis pensar de outro modo. Mas quem vos perturba sofrerá a condenação, seja ele quem for. (Gl 5, 7-10)

A Minha frase e porquê

Estai vigilantes, permanecei firmes na fé, sede corajosos e fortes. 14Que, entre vós, tudo se faça com amor. (1cor 16,13-14.)
Escolhi esta frase tirada da Epistola aos Corintios, por duas razões: A primeira porque foi uma frase durante a leitura desta carta me ficou na cabeça pela densidade que possui ao ser escutada. A segunda razão prende-se com o facto de esta frase resumir o essencial do ser crsitão, isto é, S. Paulo convida a comunidade de Corinto a permanecer firme naquillo em que acredita. Depois diz-nos para sermos corajosos e fortes diante da das tribulações e das duvidas que possam sofrer por causa da fé. Por fim convida toda a comunidade a viver segundo a lei maior, isto é, a lei do amor. Ou seja que tudo o que aconteça na comunidade se faça por amor e não por obrigação.
Efectivamente, apesar de ser uma frase bastante despercebida em toda esta carta, ela é resumo de tudo aquilo que S. Paulo desejava para a comunidade de Corinto.

Metáforas usadas por S.Paulo na Carta aos Filipenses

“Fruto da justiça” – 1, 11
“Morte como lucro” – 1, 21
“Empenho no combate” – 1, 30
“Forma de escravo” – 2, 7
“Companheiro de lutas” – 2, 25
“Portas da morte” – 2, 27
“Cães, maus operários e falsos circuncidados” – 3, 2
“Perseguidor da Igreja” – 3, 6
“Esterco” – 3, 8
“Corro para ver se O alcanço” – 3, 12
“O seu deus é o ventre” – 3, 19
“Cidade nos céus” – 3, 20
“Perfume de suave odor” – 4, 18

quarta-feira, 18 de março de 2009

O primeiro escrito de Paulo

Sintese do artigo de Celso Pedro, em www.cnbb.org.br

O primeiro escrito de Paulo é um trecho da carta aos Tessalonicenses (1Ts 2,13-4,2). Surgiu após as notícias que Timóteo lhe trouxe de Tessalônica. Este trecho é, digamos, o seu primeiro escrito.
É texto é ainda conhecido como uma “Carta de Alívio”. Teria sido escrito após um momento de grande dramaticidade, dado que os cristãos de Tessalônica estavam a ser perseguidos. Paulo teria ficado aliviado com as boas notícias que Timóteo lhe trouxe.
Com o passar do tempo, este pequeno texto foi unido a outro também escrito aos cristãos de Tessalônica, e o resultado foi a carta canónica chamada de “Primeira aos Tessalonicenses”. Esta carta é na realidade a junção de duas cartas.

Aforisma

“ Mas o que era para mim ganho, considerei como perda por causa de Cristo”.

Testemunha que o seu encontro com Jesus Cristo, nas proximidades de Damasco (cf. At 9,1-18), marcou o início de uma redefinição absoluta de sua vida. A sua vida teve uma nova direcção e alterou-se completamente a sua escala de valores.
Este aforisma atesta que o encontro com Cristo é transformante.

Metáforas na carta aos Gálatas

Metáforas na carta aos Gálatas

2, 2 … e lhes expus o evangelho, que prego entre os gentios… para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão.

2, 9 E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas…

2, 19 Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus.

2, 20 Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim;

3, 27 Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.

4, 14 E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne, antes me recebestes como um anjo de Deus e ainda como Jesus Cristo mesmo.

4, 19 Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto…

4, 31 De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava, mas da livre.

5, 9 Um pouco de fermento leveda toda a massa.

5, 15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros.

5, 22 Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

5, 24 E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.

6, 14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.

6, 17 Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.

terça-feira, 17 de março de 2009

Duas metáforas em 1ª COR

1ª COR, 9,24-27: "24Não sabeis vós que os que correm no estádio correm todos, mas só um ganha o prémio? Correi, pois, desse modo, para que o consigais alcançar.25 Aquele que se prepara para a luta abstém-se de tudo, a fim de alcançar uma coroa corruptível; nós porém, para alcançar uma corroa incorruptível. 26 Eu não corro sem rumo e não luto como quem açoita o ar. 27 Ao contrário, castigo o meu corpo e mantenho-me em servidão, não aconteça que, tendo pregado aos outros, venha eu próprio a ficar desclassificado".
1ª COR 12, 13-27: "13Foi num só Espirito que todos nós fomos baptizados, a fim de formarmos um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres; e todos temos bebido de um só Espirito. 14Porque o corpo não consta de um só membro, mas de muitos. 15 Se o pé:"Uma vez que não sou mão, não faço parte doc orpo", nem por isso deixaria de fazer parte do corpo. 16 e se a orelha dissesse:"Uma vez que não sou olho, não faço parte do corpo", nem por isso deixaria de fazer parte do corpo. 17 Se o corpo inteiro fosse olho, que seria do ouvido?E se todo ele fosse ouvido, que seria do olfacto?18 Deus porém dispôs os membros no corpo cada um conforme entendeu. 19 Se todos fossem um só membro, que seria do corpo? 20 Há pois muitos membros mas um só corpo. 21 O olho não pode dizer à mão:"Não tenho necessidade de ti", nem tão pouco a cabeça diz aos pés:"Não necessito de vós". 22 Pelo contrário, os ,membros do corpo que parecem mais fracos, é que são os mais necessários; 23 as partes do corpo que nos parecem ,enos honrosas é que nós rodeamos de maior consideração, e os nossos membros menos decorosos são tratados com a maior decência, 24 ao passo que os decorosos não precisam disso. Pois bem, Deus compôs o corpo, dispensando maior consideração ao que dela carecia, 25 para não haver divisão no corpo, mas paraos membros terem a mesma solicitude uns com os outros. 26 Deste modo, se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; e se um membro é honrado todos os membros se alegram com ele. 27 Vós sois corpo de Cristo e Seus membros, cada um na parte que lhe toca. 28 E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são primeiro Apóstolos, segundo Profetas, terceiro doutores; a seguir os que têm o dom dos milagres, o dom de curar, de socorrer, de governar e de falar diversas linguas. 29 Porventura são todos Apóstolos?São todos Doutores? Têm todos o poder de fazermilagres? 30 Possuem todos o dom das curas? Falam todos linguas? acaso todos eles as interpretam? 31 Aspirai, com ardor, aos melhores dons. Vou mostrar-vos um caminmho que ultrapassa tudo."

A minha frase de S. Paulo

A frase de S. Paulo que me disse muito é da Rom 12,2, e diz o seguinte:"Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, a fim de conhecerdes a vontade de Deus: o que é bom, o que lhe é agradável e o que é perfeito". É uma expressão duma actualidade gritante, que testemunha a impressionante contemporâneidade de S. Paulo. Penso mesmo que devia ser "a frase" que devia sublinhar toda a reflexão proposta para este ano.
Destaco as seguintes expressões:
-"não vos conformeis com este século": é impressionante! Então como agora, um século difícil. Mas S. Paulo adverte - não vos conformeis! Ele sabe que esse é o caminho para não haver mais caminhada.
-"renovar a mente": haverá expressão mais radical, que traduza melhor a mudança de atitude necessária para enfrentar a
crise de valores com que nos defrontamos?
- "o que é bom, o que lhe é agradável, o que é perfeito": extraordinária forma de S. Paulo não assustar e de dizer que o óptimo é inimigo do bom - o importante é ter as pessoas na Igreja, mesmo que para isso não se consiga chegar à perfeição. Maravilhoso exemplo de tolerância inteligente, que faz muita falta nos tempos de hoje.

Frase de S.Paulo

A frase que elejo de S.Paulo é: “Tudo posso n´Aquele que me fortalece”. (Fl 4, 13)
Sem dúvida, que a frase é das que ficam no ouvido e marca pontos pela forma in nuce com que exprime o pensamento de S.Paulo. Aliás, o apóstolo diz exactamente isto depois de referir as privações por que tinha passado e pela maneira como as encarava da mesma forma como encarava os momentos de bonança na sua vida. Para mim, parece claro que a frase se insere numa fase da nova vida de Paulo. Só depois de um encontro arrebatador como o que teve, o pode fazer exprimir-se assim. Talvez na primeira fase da vida, o apóstolo dissesse apenas para consigo: “Tudo posso!” E de facto, os planos de Paulo nessa fase não estavam propriamente a sair frustrados, pelo contrário, Paulo exercia a sua missão de forma diligente e com sucesso. Mas agora arrisca uma frase mais profunda, não tão centrada em si. É a experiência de quem se descobre na sua miséria, mas ao mesmo tempo, animado e sustentado por uma vida nova que não tem em si a sua fonte. É uma situação de extremos, em que o nada da vida humana se depara com o tudo do Transcendente.
Para mim, a frase não pode ser pronunciada de uma maneira leve. Afirmar isto e viver ancorado nesta esperança, exige um caminho progressivo. Eu próprio me interrogo se de facto, isto é algo que toma conta de mim e se o posso dizer de forma autêntica, porque a experiência cristã que vou fazendo faz-se no confronto entre o “homem velho” que em mim existe e o “homem novo” que Cristo me dá como nova realidade na qual posso participar. A primeira “instância” é instável, tão depressa me faz querer acreditar nas minhas capacidades, como tão depressa me faz cair no desânimo e me segreda insistentemente que nada valho e que por isso, me devo resignar ao fracasso. O “homem novo” faz-me despojar de mim, fazendo-me compreender o amor de Deus por mim e o caminho libertador que é segui-l´O. É outro registo, é algo que me faz olhar as coisas não já a partir dos meus critérios, mas a ver tudo como uma vitória se em cada coisa, puser o “selo” de Deus.
Dizer que o homem é limitado depois desta experiência, parece insultuoso para com Deus e revela a nossa pouca fé. Abrir-me a Ele será uma experiência constante de olhar sempre além e ver caminho a percorrer; não um caminho impossível, mas um caminho onde cada passo me vai dando uma nova visão de conjunto, que me faz ansiar por continuar a percorrê-lo.
Portanto, caros colegas, confiando nesta frase de S.Paulo, não temos que temer a cadeira de “Escritos Paulinos” nem qualquer outra, porque com Cristo tudo se faz…

Frases ou palavras usadas com significados diferentes do literal para sugerir uma semelhança ou uma analogia entre dois objectos e ideias


Encontrei as seguintes metáforas na Carta de S. Paulo aos Filipenses:


«assumindo o mesmo combate que vistes em mim» (1,30)


«nela brilhais como astros no mundo» (2,15)


«por não ter corrido em vão nem me ter esforçado em vão» (2,16)


«como um filho para com o pai» (2,22)


«Epafrodito, meu irmão, colaborador e companheiro de luta» (2,25)


«Cuidado com esses cães, cuidado com esses maus trabalhadores, cuidado com os falsos circuncisos!» (3,2)


«não confiamos na carne» (3,3)


«tudo perdi e considero esterco» (3,8)


«Não que já o tenha alcançado ou já seja perfeito; mas corro, para ver se o alcanço, já que fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não me julgo como se já o tivesse alcançado. Mas uma coisa faço: esquecendo-me daquilo que está para trás e lançando-me para o que vem à frente, corro em direcção à meta, para o prémio a que Deus, lá do alto, nos chama em Cristo Jesus» (3,12-14)


«irmãos, minha coroa e alegria» (4,1)


«cujos nomes estão no livro da Vida» (4,3)


«terdes feito com que desabrochasse o vosso amor» (4,10)


«um odor perfumado» (4,18)


É possível que me tenha passado alguma; de qualquer forma, achei estas metáforas muito interessantes, quer pela sua radicalidade (a famosa frase do "esterco"), pela sua beleza (o "odor perfumado") ou pela força da imagem associada (a da corrida e a do combate).

Agradeço comentários :)

Frase

1 Tes 5, 13b-19
"Vivei em paz entre vós. Exortamo-vos, irmãos: corrigi os indisciplinados, encorajai os desanimados, amparai os fracos, sede pacientes com todos. Prestai atenção a que ninguém pague o mal com o mal; procurai, antes, fazer sempre o bem uns para com os outros e para com todos.Sede sempre alegres. Orai sem cessar. Em tudo dai graças. Esta é, de facto, a vontade de Deus a vosso respeito em Jesus Cristo. Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo, guardai o que é bom. Afastai-vos de toda a espécie de mal."

De facto, é o resumo de toda a vida cristã. Queremos mais alguma coisa?

Metáforas na 1ª e 2ª carta aos Tessalonicenses

1 Tes 2, 7 - Quando nos poderíamos impor como apóstolos de Cristo, fomos, antes, afectuosos no meio de vós, como uma mãe que acalenta os seus filhos quando os alimenta.

1 Tes 2, 11 - Sabeis que, tal como um pai trata cada um dos seus filhos, também a cada um de vós.

1 Tes 5, 1-8 - Irmãos, quanto aos tempos e aos momentos, não precisais que vos escreva. Com efeito, vós próprios sabeis perfeitamente que o Dia do Senhor chega de noite como um ladrão. Quando disserem: «Paz e segurança», então se abaterá repentinamente sobre eles a ruína, como as dores de parto sobre a mulher grávida, e não escaparão a isso. Mas vós, irmãos, não estais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. Na verdade, todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos nem da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os outros, mas vigiemos e sejamos sóbrios. Os que dormem, dormem de noite e os que se embriagam, embriagam-se de noite. Ao contrário, nós que somos do dia, sejamos sóbrios, revestidos com a couraça da fé e da caridade e com o elmo da esperança da salvação.

2 Tes 1, 7-10 - e a vós, os atribulados, retribuir com o repouso, juntamente connosco, aquando da manifestação do Senhor Jesus que virá do Céu com os anjos do seu poder, em fogo ardente, e fará justiça aos que não conhecem a Deus e não obedecem ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus. O seu castigo será a ruína eterna, longe da face do Senhor e da glória da sua força, 10quando, naquele dia, vier para ser glorificado nos seus santos e admirado em todos aqueles que acreditaram; ora o nosso testemunho foi por vós considerado digno de fé.

2 Tes 3, 8 - nem comemos o pão de graça à custa de alguém, mas com esforço e canseira, trabalhámos noite e dia, para não sermos um peso para nenhum de vós.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Metáfora na 1Cor

Paulo, ao tratar a igreja como o corpo de Cristo, concede à linguagem metafórica uma vitalidade encarnada e uma grandeza, com o objectivo de nutrir as práticas vivenciais de uma comunidade marcada pela diversidade, opondo-se a ideologia de um grupo poderoso que ameaça "desencarnar" o corpo ‘crístico’ em Corinto.

A MINHA E PORQUÊ?

1Cor 6,12 '«Tudo me é permitido», mas nem tudo é conveniente.'
Escolhi esta frase porque me revejo muito nela. Na minha 'trintona' vida por este mundo, muito aprendi, graças à Deus com experiências concretas. Pois não fui sempre estudante, trabalhei no comércio alguns anos, e muito aprendi do que é a 'dura' vida. Tudo me era permitido, mas nem tudo me era conveniente! (Do tipo: se algum cliente me chateasse ou arranjasse confusão, é claro que não lhe ia partir a cara! Não era conveniente! Tão a ver?). E S. Paulo repete esta frase dois vezes (1Cor 10,23), não é por acaso que ele faz esta chamada de atenção a todos os cristãos. Cuidado com o que fazes e dizes! Pois determinam aquilo que nós somos...

Frase

FRASE PESSOAL
Gl 2,20: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.»
Esta frase é, para mim, o resumo da minha vida como cristão. A minha vida é essencialmente comunhão com Cristo. Sou chamado a uma vida em comunhão com Cristo Ressuscitado e o que me salva não é a obediência da Lei de Moisés, mas o aceitar Cristo pela fé, Aquele que se entregou a morte em favor da minha salvação. A redenção operada por Cristo, cuja acção é posta em relação muito íntima com a do Pai e com a do Espírito Santo, marca um ponto de viragem na minha situação e na minha própria relação com Ele e próprio Deus. Antes da redenção, eu caminhava no pecado, cada vez mais afastado de Deus, mas agora que o Kyrios Ressuscitado vive em mim sinto-me um só com Ele e com os outros. É uma aproximação de relação e não de distância. Cristo é a fonte da minha vida. Todo aquele que se converte passa da ignorância à fé, da Lei de Moisés à Lei de Cristo, do pecado à graça. É Cristo que vive em mim.

Metáforas da Carta de São Paulo aos Gálatas

METÁFORAS DA CARTA DE SÃO PAULO AOS GÁLATAS
I. Gl 1,11.15: «Com efeito, faço-vos saber, irmãos, que o Evangelho por mim anunciada, não o conheci a maneira humana. Mas, quando aprouve a Deus – que me escolheu desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua graça.»
II. Gl 2,9.19: «(…) e tendo reconhecido a graça que me tinha sido dada, Tiago, Cefas e João, que eram considerados as colunas, deram-nos a mão direita, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão, para irmos, nós aos gentios e eles aos circuncisos. E que eu pela Lei morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado em Cristo.»
III. Gl 3,24-25: «Deste modo, a Lei tornou-se nosso pedagogo até Cristo, para que fossemos justificados pela fé. Uma vez, porém, chegado a tempo da fé, já não estamos sob o domínio do pedagogo.»
IV. Gl 4,3-5.19.28-31: «Assim como também nós, quando éramos crianças, estávamos sob domínio dos elementos do mundo, a eles sujeitos como escravos. Mas, quando chegamos a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, (…) a fim de recebermos a adopção filiar. Meus filhos, por quem sinto outra vez dores de parto, até que Cristo se forme entre vós! E vós, irmãos, à semelhança de Isaac, sois filhos da promessa. Só que, como então o que foi gerado segundo a carne perseguia o que o foi segundo o Espírito, assim também agora. Mas que diz a Escritura? Expulsa a escrava e o seu filho, porque o filho da escrava não poderá herdar juntamente com o filho da mulher livre. Por isso, irmão, não somos filhos da escrava, mas da mulher livre.»
V. Gl 5,9.15.24: «Um pouco de fermento faz fermentar toda a massa. Mas, se vós mordeis e devorais uns aos outros, cuidado, não sejais consumidos uns pelos outros. Mas os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e desejos.»
VI. Gl 6,2.7-8.11.14.17: «Carregai as cargas uns dos outros e assim cumprireis plenamente a lei de Cristo. Pois o que um homem semear, também o há-de colher: quem semear na própria carne, da carne colherá a corrupção; quem semear no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. Vede com que grandes letras vos escrevo pela minha mão. Quanto a mim, porém, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. De agora em diante ninguém mais me venha perturbar, pois eu levo no meu corpo as marcas de Jesus.»

O meu aforisma de S. Paulo

“Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus!” (Rm 8, 28).

Este aforismo diz da esperança em qualquer situação ou momento histórico, quer a nível pessoal, quer ao nível da humanidade inteira.
Se existir amor em nós e em torno de nós, então poderemos ter sempre a certeza de que o mal nunca poderá triunfar. Este aforisma é uma certeza de fé e esperança no meio do aparente triunfo do mal.

João Paulo II, no seu ultimo livro (Memória e Identidade), falando do dramatismo das duas grandes guerras e do comunismo, pergunta-se a razão do aparente tirunfo do mal nestes momentos da história, e responde que Deus só permite o mal porque pode tirar daí um bem maior.

É esta a mensagem que nos deixa este aforisma de S. Paulo; uma mensagem de esperança.
Metáforas e imagens no Bilhete a Filémon

v.2: «Arquipo, nosso companheiro de luta

v.7: «os corações dos santos foram reconfortados por meio de ti.»

v.8: «Peço-te pelo meu filho, que gerei na prisão: Onésimo.»

v. 9: «É ele que eu te envio: ele, isto é, o meu próprio coração

v. 10: «nas prisões que sofro por causa do evangelho.»

v. 17: «Recebe-o como a mim próprio

v. 19: «Isto, para não te dizer que me deves a tua própria pessoa.»

v.20: «Reconforta o meu coração em Cristo.»


Não deixa de me surpreender que um texto tão pequeno (apenas 25 versículos!), escrito num ambiente tão hostil (a prisão) e que não seria mais do que um recado, um pedido de Paulo a Filémon a propósito de Onésimo, tenha uma figura de estilo em 1/3 dos versículos… É de facto revelador da qualidade literária de São Paulo e do seu estilo de retórica e persuasão.
Ai de mim se eu não evangelizar! (1 Cor 9, 16)

Elejo este aforismo extraído da primeira carta aos coríntios como a minha “frase paulina”. Paulo resume desta forma o objectivo que quis dar à sua vida: evangelizar. Não se trata de uma opção que um dia tomou, mas de uma necessidade que nasceu do encontro pessoal com Cristo, e que transformou toda a sua vida. Para Paulo, o Evangelho de Cristo transborda e extravasa do seu ser. É uma Boa Notícia que não consegue guardar em segredo só para si, mas que precisa de comunicar e de transmitir. Como seria então possível que não evangelizasse? Apenas se deixasse morrer em si próprio o Evangelho que recebeu… Mas ai daquele a quem tal acontecesse – parece querer dizer-nos São Paulo. E assim percebemos porque Paulo afirma: «se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar!»
As metáforas na Carta aos Romanos


«Deus, a quem presto culto no meu espírito, anunciando o Evangelho do seu Filho…» (Rm 1,9).

«Não quero que ignoreis, irmãos, que muitas vezes me propus ir ter convosco – do que tenho sido impedido até agora – a fim de também entre vós obter algum fruto…» (Rm 1,13); «Afinal, que frutos produzíeis então […] Mas agora, que estais libertos do pecado e vos tornastes servos de Deus, produzis frutos que levam à santificação…» (Rm 6,21-22).

«…tornaram-se vazios nos seus pensamentos e obscureceu-se o seu coração insensato» (Rm 1,21).

«…recebendo em si mesmos a paga devida ao seu desregramento» (Rm 1,27); «…retribuirá a cada um conforme as suas obras…» (Rm 2, 6); «É que o salário do pecado é a morte» (Rm 6,23).

«…ó homem, quem quer que sejas, que te armas em juiz» (Rm 2,1).

«…o que a Lei manda praticar está escrito nos seus corações, tendo ainda o testemunho da sua consciência tal como dos pensamentos que, conforme o caso, os acusem ou defendam…» (Rm 2,15).

«…se estás convencido de ser guia de cegos, luz dos que vivem nas trevas, educador dos ignorantes, mestre dos simples...(Rm 2,19-20).

«Sepulcro aberto é a sua garganta, com a sua língua espalhavam enganos; há nos seus lábios veneno de serpente. A sua boca está cheia de maldição e azedume» (Rm 3,13-14).

«Ora bem, àquele que realiza obras, o salário não lhe é atribuído como oferta, mas como dívida» (Rm 4,4).

«… e pai dos circuncidados, daqueles que não somente pertencem ao povo dos circuncisos, mas também seguem as pegadas da fé do nosso pai Abraão antes de ser circuncidado» (Rm 4,12).

«…o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5,5).

«De facto, se pela falta de um só reinou a morte, com muito mais razão, por meio de um só, Jesus Cristo, hão-de reinar na vida aqueles que recebem e abundância a graça e o dom da justiça» (Rm 5,17).

«… o homem velho que havia em nós foi crucificado com Ele, para que fosse destruído o corpo pertencente ao pecado…» (Rm 6,6).

«Não entregueis os vossos membros, como armas da injustiça, ao serviço do pecado (Rm 6,13).

«Do mesmo modo que entregastes os vossos membros, como escravos, à impureza e à desordem, entregai agora também os vossos membros como escravos à justiça, para viverdes em santidade» (Rm 6,19).

«Assim, a mulher casada só está vinculada por lei a um homem, enquanto ele for vivo. Mas, se o marido morrer, fica liberta da lei que a liga ao marido […] Meus irmãos, o mesmo acontece convosco: mediante o corpo de Cristo, morrestes para a lei, para vos dardes a um outro…» (Rm 7,2.4).

«É que o pecado, aproveitando-se da ocasião dada pelo mandamento, seduziu-me e deu-me a morte, por meio dele» (Rm 7,11).

«Mas noto que há outra lei nos meus membros a lutar contra a lei da minha razão e a reter-me prisioneiro na lei do pecado que está nos meus membros» (Rm 7,23).

«Ora vós não estais sob o domínio da carne, mas sob o domínio do Espírito…» (Rm 8,9).

«Bem sabemos como toda a criação geme e sofre as dores de parto até ao presente» (Rm 8,22).

«…fomos tratados como ovelhas destinadas ao matadouro. Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores…» (Rm 8,36-37).

«Quem és tu, homem, para entrares em contestação com Deus? Dirá, porventura, o que é moldado àquele que o molda: “Porque me fizeste assim?” Ou não tem o oleiro poder sobre o barro para, da mesma massa, tanto fazer um vaso de luxo como um de uso vulgar?» (Rm 9,20-21).

«Àquele que não é meu povo, hei-de chamar meu povo, e minha amada, àquela que não é minha amada» (Rm 9,25).

«Tropeçaram na pedra de tropeço» (Rm 9,32).

«Deus lhes deu um espírito entorpecido, olhos para não verem e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje. E David diz: Que a sua mesa lhes sirva de laço e de rede, de ocasião para caírem e para serem castigados. Que se obscureçam os seus olhos, de modo a não verem; e faz que as suas costas se curvem para sempre» (Rm 11,8-10).

«Se tu foste cortado de uma oliveira brava, a que pertencias por natureza, e foste, contrariamente à tua natureza, enxertado numa oliveira boa…» (Rm 11,24).

«É que, como num só corpo, temos muitos membros, mas os membros não têm todos a mesma função, assim acontece connosco: os muitos que somos formamos um só corpo em Cristo, mas, individualmente, somos membros que pertencem uns aos outros» (Rm 12,4-5).

«…se fizerem isso, amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça» (Rm 12,20).

«…já é hora de acordardes do sono…» (Rm 13,11).

«Quem és tu para julgares o criado de um outro? Se está de pé ou se cai, isso é lá com o seu patrão» (Rm 14,4).

«Virá o rebento de Jessé, que se levantará para governar as nações…» (Rm 15,12).

«…tive a maior preocupação em não anunciar o Evangelho onde já era invocado o nome de Cristo, para não edificar sobre fundamento alheio» (Rm 15,20).

«Mas agora, como não tenho mais nenhum campo de acção nestas regiões…» (Rm 15,23).

«Exorto-vos…a que luteis comigo…» (Rm 15,30).

«O Deus da paz há-de esmagar Satanás debaixo dos vossos pés, muito em breve» (Rm 16,20).

«Ai de mim, se eu não anunciasse o evangelho!»
(1Cor 9,16)

Escolhi este aforismo Paulino, porque resume o sentido da missão à qual o cristão é chamado. Mais concretamente, esta frase resume o chamamento que me levou a entrar num seminário. São Paulo encontrou-se com Jesus Cristo ressuscitado, e, a partir daquele momento, torna-se testemunha desse acontecimento. Eu também experimentei o encontro com o amor de Cristo, através da Igreja e, agora, sinto que o Senhor me chama a testemunhar aos outros o que recebi.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Metáforas da carta de S. Paulo aos Gálatas
(N.T. Interlinear)

1-Gl, 3, 24-25: […] a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo a fim de que fôssemos justificados pela fé. Mas tendo vindo a fé, já não permanecemos ligados ao aio”.

2-Gl, 4, 18-19: “É bom ser sempre zeloso e não apenas quando estou presente convosco, meus filhos, por quem de novo, sofro dores de parto, até ser Cristo formado em vós”

3-Gl, 4, 28-31: “Vós porém, irmãos sois filhos da promessa, como Isaac. Como, porém, outrora, o que nascera da carne perseguia ao que nasceu do Espírito, assim também agora. Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre. E assim, irmãos, somos filhos não da escrava mas da livre”.

4-Gl, 5, 7-10: “[…] quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chama. Um pouco de fermento leveda toda a massa. Confio de vós, no Senhor, que não alimentareis nenhum outro sentimento […]”.

5-Gl, 5, 15. “Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos”.

6-Gl, 6, 7-8: “[…] aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna”.

7-Gl, 6, 9: Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos.

8-Gl, 6, 17: “Quanto ao mais ninguém me moleste; porque eu trago no meu corpo as marcas de Jesus.

Comentário ás metáforas da Epístola aos Gálatas

Comentário ás metáforas da Epístola aos Gálatas.


Gal 2,2: «ao fim de não correr nem ter corrido em vão».

A considero metáfora por conter uma comparação com um atleta que participa a uma corrida e tem que saber as regras da competição.

Gal 2,9: «os notáveis tidos como colunas».

É metáfora em quanto é comparado a uma coluna como sinal de firmeza.

Gal 2,19-20: «foi crucificado junto com Cristo…mas é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne».

Não habita fisicamente mas espiritualmente. A carne é metáfora porque exprime a vida do homem na terra, o seja, o viver terreno.

Gal 3,7: «os que pela fé são filhos de Abraão».

A imagem do filho não biológico mas em virtude da fé.

Gal 3,24: «assim ali se tornou nosso pedagogo».

É metáfora em quanto confere uma personalidade a lei, como se fosse um mestre.

Gal 3,27: «vos vestistes de Cristo».

É metáfora em quanto a veste faz presente uma nova natureza para o baptizado.

Gal 4,14: «me recebestes como anjo de Deus».

È metáfora porque esta expressão de grande dignidade que confere a Paulo um estatuto especial.

Gal 4,15: «arrancar os olhos para dá-los a mim».

É metáfora porque expressa a total confiança e gratidão para com Paulo.

Gal 4,19: «meus filhos, porque sofro de novo as dores do parto até que Cristo seja formado em vós».

Utiliza a imagem duma mulher que vai dar à luz para expressar o sofrimento que lhe causa a sua paternidade espiritual.

Gal 4, 31: «por tanto irmãos não somos filhos da serva mas de livre».
É metáfora em quanto expressa que são filhos da graça e não da lei.

Gal 5,7: «correis bem».

Esta é uma clássica comparação de São Paulo: compara a vida da fé a uma vida de atleta.

Gal 5,9: «um pouco de fermento leveda toda a massa».

Assim como um bocado de fermento leveda uma grande quantidade de massa, do mesmo um só cristão adulto pode iluminar os que estão em volta dele manifestando o amor de Jesus Cristo.

Gal 5,15: «mas se vos mordeis e vos devorais reciprocamente, cuidado, não aconteça que vos elimineis uns aos outros».

Equipara o homem que mata ao seu próximo por falta de caridade com as feras que matam entre si.

Gal 5,22: «mas o fruto do Espírito é o amor».

O homem que recebe o Espírito Santo produz obras de vida eterna. Ama.

Gal 5,24: «pois os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com suas paixões e seus desejos».

É metáfora porque em Cristo a carne é submetida ao espírito.

Gal 6,5: «pois cada qual carrega o seu próprio fardo».

À metáfora utilizada representa a Cruz que torna-se instrumento de salvação para aqueles que acreditam.


Gal 7,8: «não vos iludais; de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá: quem semear na sua carne, da carne colherá corrupção; quem semear do espírito colherá a vida eterna».

Aquele que sêmea na carne deixando-se levar pelas paixões encontrará a morte. Em quanto que aquele que sêmea no espírito, vivendo na vontade de Deus, encontrará paz e receberá a vida eterna.

Gal 6, 14: «por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo».

É metáfora em quanto refere-se ao mundo da carne e do pecado, contrario ao Espírito de Cristo.

Gal 6,15: «mas a nova criatura».

Refere-se a imagem de Cristo reflectida nos cristãos.

Gal 6,16 «paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus».

O Israel de Deus representa a todos aqueles que aderem a Boa Nova do Evangelho de Cristo.

Gal 6,17: «pois trago em meu corpo as marcas de Jesus».

Compara o seu sofrimento com o sofrimento de Cristo.

A fortaleza de Paulo de Tarso

A fortaleza de Paulo de Tarso.


Uma das frases de São Paulo que mais me interpela é: «…pois quando sou fraco, então é que sou forte» (2Cor 2,10). Escolhi esta frase por vários motivos:
Por um lado, o meu apelido é Forte, e portanto desde que entrei na Igreja esta palavra ajudou-me a perceber que a citação de Paulo reflectisse muito a minha história.
Par além disso, antes de começar esta experiência eclessial estava convencido que a força estava naquele que resistia perante ao mal. Enquanto como Paulo imitando a Cristo também eu estou aprendendo que não resistir ao mal é estar mais perto de Deus.
Assim pouco a pouco descubro que o “forte” não é aquele que está em pé mas aquele que cai e se levanta sem nunca desconfiar da misericórdia de Deus.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Citação de São Paulo

"Trazemos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que se veja que este extraordinário poder é de Deus e não é nosso".
2Cor 5,7

Escolhi esta citação da segunda carta aos Coríntios porque é uma frase que me vai acompanhando nestes anos de caminhada de seminário. Apesar de frágil que é a Vida Humana, somos continuamente chamados por Deus para anunciar este Tesouro que é maior que todos nós.

Ps: Esta talvez seja uma boa citação Paulina para colocar no cartão da Missa-Nova...=)

Comentário ao artigo sobre a carta a Filemon

Comentário do artigo «Dalla schiavitú alienante alla libertá creativa e dalla dignitá umana alla fraternitá cristiana» Note di un economista sulla lettera a Filemone.
Di Francesco Rizzo, Universitá de Catania.


Introdução.

Os justos elogios que Paulo faz à caridade de Filêmon serve-lhe de pretexto para não usar a sua indiscutível autoridade apostólica. Entre todas as cartas que São Paulo escreveu, aquela a Filêmon resulta ser uma jóia onde é posto em relevo a atitude cristã perante a escravidão. Frente as condições sociais daquela época São Paulo traz algo de novo, introduzindo uma nova dimensão espiritual considerando a igualdade fraterna tendo o mesmo criador e pai.
A atenção é dirigida as pessoas considerando a própria transformação interior. Aos dias de hoje onde as estruturas sociais como a Igreja, o estado, família, escola, sendo afectadas pelas várias ideologias presentes ao longo da história, só podem encontrar uma resposta válida na pedagogia evangélica, onde se considera: o homem autor, centro e fim relativo da historia; Deus autor centro e fim absoluto da historia.


Agradecimento a Deus pelo amor e fé de Filêmon.

O autor deste artigo põe em relevo os versículos mais significativos da carta, começando pelo versículo 5: «Porque oiço falar do teu amor e da fé que te anima em relação ao Senhor Jesus e para com todos os Santos». Resulta ser muito interessante ver como Paulo antepõe o amor a fé. Isto resultaria um elemento essencial como ajuda na reflexão daqueles que procuram à verdade esquecendo-se do amor como fundamento da verdade.
A este propósito Bento XVI diz: «a caridade … não é um meio de proselitismo. O amor é gratuito … quem exercita à caridade … não procurará nunca de impor a outros a fé da Igreja … O cristão sabe quando é tempo de falar de Deus e quando é de ficar calado deixando falar somente o amor». Realmente o amor de Deus manifestado no rosto de Cristo ilumina a verdade de Deus que é capaz de mudar «o meu luto em dança» (salmo 30,11).
Continuando no versículo 6 «posso a tua generosidade inspirada pela fe tornar-se eficaz pelo conhecimento de todo bem que nos é dado realizado por Cristo». Já aparece claramente o que é capaz de produzir a fé, o seja, esta dupla direcção do amor para Deus e para os homens ao mesmo tempo. Para além do anuncio da palavra, da boa nova, o essencial é que no seu acolhimento haja todo o bem pelo qual em nome de Cristo se consegue cumprir a nossa missão apostólica. Paulo deseja que o agir no amor seja o sinal eficaz da vida nova recebida pelo evangelho, e contribua a ser difundido. Dito em outras palavras «já na terra experimentar a vida eterna, fazendo presente a maravilha do mistério do amor governado pela Igreja». Assim realiza-se a economia da salvação.
No versículo 7, «de facto tive grande alegria … os corações dos santos». São Paulo convida Filêmon a não cansar-se de praticar o bem, a intenção de Paulo é de conquistar Filêmon servindo-se da carta como depósito de caridade que leva á fé. Daqui nasce a economia monetária da riqueza da fé que tem como único interesse aquele do amor.
Paulo intercede em favor de Onésimo, escravo convertido, fugido do seu padrão.

Nos versículos 8 e 9, «por isso, tendo embora toda liberdade em Cristo de te ordenar o que convêm, prefiro pedir por amor…prisioneiro de Cristo Jesus». Em vez de evocar a suma autoridade apela à caridade dele. Isto mostra a autoridade que é em Paulo, porque só quem tem uma grande autoridade pode pedir uma cortesia e não uma ordem. Não é o apóstolo responsável pela comunidade de colossos que lhe da ordens imperiosas, mas simplesmente «Paulo já ancião, e agora prisioneiro por amor de Cristo Jesus» três títulos suficientes para desencadear a caridade de Filêmon que lhe faz um pedido.
No versículo 10 «que venho suplicar-te…que gerei na prisão». Aqui há um pedido de súplica para que Onésimo poça ser libertado, Paulo considera-o como filho espiritual gerado na fé em Cristo.
«Outrora ele te foi inútil…, para mim» (v.11). É interessante esse jogo de palavras com o nome de Onésimo, que em grego significa “útil”.
«Mando-o de volta a ti; ele é com se fosse o meu próprio coração» (v. 12). Paulo compara Onésimo ao seu coração para evidenciar à importância que tem para ele. Há um utilizo duma metáfora comercial, na qual Paulo considerava-se sócio com Filêmon na mesma empresa apostólica na difusão do evangelho.
«Eu queria segura-lo comigo; …Não fosse como que forçada mas espontânea» (vv. 13-14). Nesses dois versículos podemos ver uma espécie de triangulação trinitária: como o Pai, o Filho e o Espírito Santo, três pessoas que são igualmente Deus, assim Paulo, Filêmon e Onésimo resultam ter em comum algo, isto é, a mesma liberdade que traz o encontro com a pessoa de Cristo. Só o amor é capaz de realizar algo que nenhuma ideologia o dimensão política pode realizar sendo que é o amor que revela-se como o amor criador.
«Tal vez ele tenha sido retirado…para sempre» (v. 15). Nesta separação mostra-se como Deus sabe tirar do mal o bem, sendo que Filêmon prepara-se a libertar Onésimo a través do pedido de Paulo.
«Não mais como escravo…segundo a carne e segundo o Senhor» (v. 16). É caracterizado por Paulo que pela proclamação do nome de Jesus destrói a escravidão infringida a Onésimo. Manifesta-se uma grande sabedoria da Igreja, sendo que o cristianismo eleva e dignifica as relações entre os homens.
«Por tanto, …como se fosse a mim mesmo» (v. 17), Paulo aponta à consideração que Filêmon tem para com ele, para que poça também entrar em comunhão com Onésimo.
«E se ele te deu algum prejuízo…, põe isso na minha conta» (v.18). Paulo pede-lhe que qualquer dívida que Onésimo tem para com Filêmon poça considera-la como se fosse sua.
«Eu, Paulo, escrevo… de ti mesmo a mim» (v.19). É interessante ver uma certa ligação com a oração do Pai Nosso, a qual Paulo procura utilizar para que Filêmon poça pôr-se em discussão. Também é característico o facto que estas palavras são escritas pela sua mão, enquanto normalmente as dita.
«Sim, irmão…da este conforto ao meu coração em Cristo» (v.20). Paulo pede para que poça servir a sua disponibilidade em aceitar o pedido em favor de Onésimo.
«Eu te escrevo…mais do que te peço» (v. 21).Paulo confia na obediência que Filemon terá perante o seu pedido, acreditando que fará mais de aquilo que lhe foi pedido, pode-se reparar uma economia não equilibrada.
«Ao mesmo tempo…espero que vos serei restituído» (v. 22). Embora a dignidade de cada homem igual, para Filêmon a possibilidade de voltar a ver Paulo torna-se garantia de restituição de Onésimo.
«A graça do Senhor Jesus Cristo esteja com vosso espírito» (v. 25). No final da carta o autor considera a palavra espírito como algo que indica as responsabilidades que o homem tem que tomar Perante Deus e perante cada homem.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Uso e abuso

A frase que escolhi é tirada de 1Cor 6,12:

«Tudo me é permitido, mas nem tudo me é conveniente. Tudo me é permitido, mas eu não me farei escravo de nada.»

O motivo desta escolha é a força de uma mensagem que parece banal (e que pode ser, bem o sei, bastante mal interpretada), mas que traduz uma realidade muito presenta na vivência cristã. Tudo me é permitido, porque Cristo me libertou para a «gloriosa liberdade dos filhos de Deus», para utilizar outra feliz expressão paulina. Mas é uma liberdade que, sendo total, carrega consigo o peso da responsabilidade. Permite a auto-destruição, a escravidão com que o homem, tantas e tantas vezes ao longo da História, se afastou o amor de Deus revelado em Jesus Cristo.
Para mim, trata-se de um hino à capacidade que o homem tem, como filho amado, de trilhar um caminho de grandeza, desde que tenha em atenção aquilo que certos teólogos afirmam ser o termo-chave da moral paulina: o discernimento!
Identificar Paulo

Através das cartas de Paulo, vamos conhecendo frases identificadoras que são como que chaves de interpretação da sua retórica, de tal forma que não as encontramos nem nos evangelhos, nem nas epístolas católicas, quer de Pedro, Tiago ou João….Assim, é que, deparamos, por exemplo, em Gl, 2,20 uma expressão típica e impar desta carta:
“Já não sou eu que vivo mas Cristo que vive em mim […]”.Isto quer dizer simplesmente que a sua vida já não é a de antigamente mas que agora, pela fé, é Cristo o sujeito das suas acções. Por isso, ele pode declarar em Rm, 8,2: “A lei do Espírito da vida em Cristo te libertou da lei do pecado e da morte”. E também em Rm, 8,10-11:
“E se o Espírito daquele que ressuscitou Cristo Jesus dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo Jesus dará vida também aos vossos corpos mortais, mediante o seu Espírito que habita em vós”. A sua radicalidade leva-o a dizer, em consonância com o que fica dito, Fl, 1,21: “Pois para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”.

terça-feira, 10 de março de 2009

A preocupação de Paulo com Corinto

Preocupado com a maneira como as igrejas em Corinto estavam celebrando a Ceia cristã, Paulo alerta que tal momento deve ser de reflexão e cita as últimas palavras ditas por Jesus a seus discípulos antes de morrer na cruz.
Assim, o apóstolo orienta que os cristãos devem comemorar esta passagem de modo certo e disciplinado, condicionando que cada homem deve examinar-se a si mesmo e só então comer do pão e beber do cálicee.
Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. (1Coríntios 11:31-32)

São Paulo em Sto. Agostinho

O que o alegrava era aquilo de que S. Paulo se nutria, pois afirmava com verdade: «Alegrai-me sumamente no Senhor, por ter de novo florescido a vossa estima para comigo, em que antes abundáveis, já que eu vos tinha causado aborrecimento».
Qual o motivo da tua alegria, ó grande Paulo? Qual o motivo do teu júbilo? De que te alimentas, ó homem «renovado para o conhecimento de Deus, segundo a imagem do que te criou», ó alma viva tão pura, língua alada que nos fala de mistérios? Porquê a esta espécie de animais se deve tal alimento? Diz-me o que é que naquela obra dos Filipenses serviu de manjar à tua alma? - A alegria. (Confissões Livro XIII,26)

Apresentações de Paulo nas suas cartas

Romanos
Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado a ser Apóstolo, escolhido para anunciar o Evangelho de Deus.

1ª Coríntios
Paulo, chamado por vontade de Deus a ser apóstolo de Cristo Jesus, e Sóstenes, nosso irmão, à igreja de Deus que está em Corinto.

2ª Coríntios
Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto.

Gálatas
Paulo, apóstolo - não da parte dos homens, nem por meio de homem algum, mas por meio de Jesus Cristo e de Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos - e todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia.

Efésios
Paulo, Apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso.

Filipenses
Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com seus bispos e diáconos.

Colossenses
Paulo, Apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, aos irmãos em Cristo, santos e fiéis, que vivem em Colossos.

1ª Tessalonicenses
Paulo, Silvano e Timóteo à igreja de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica.
2ª Tessalonicenses
Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica.
1ª Timóteo
Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança, a Timóteo, verdadeiro filho na fé.
2ª Timóteo
Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, por desígnio de Deus, segundo a promessa de vida que há em Cristo Jesus, a Timóteo, meu filho querido.

Tito
Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, em ordem à fé dos eleitos de Deus e ao conhecimento da verdade, que conduz à piedade, na esperança da vida eterna, prometida desde os tempos antigos pelo Deus que não mente e que, no devido tempo, manifestou a sua palavra, pela pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador: a Tito, meu verdadeiro filho, pela fé comum, a graça e a paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador.

Filémon
Paulo, prisioneiro por causa de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, a Filémon, nosso querido colaborador, à irmã Ápia, a Arquipo, nosso companheiro de luta, e à igreja que se reúne em tua casa.

Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo (1Cor 9, 22b)

É esta a frase que elejo em São Paulo. São Paulo não era homem de chegar com uma pregação pré-fabricada, ou com um tipo de postura do tipo "pack" que depois desembrulhava e aplicava nos sítios por onde passou. São Paulo nunca procurou impor-se a ninguém. Pelo contrário, partia da realidade que encontrava e fazia caminho a partir daí. Com os gentios, foi gentio e percebeu que a Lei e a circuncisão não tinham de lhes ser impostas; com os judeus foi judeu. Onde estava trabalhava; em Atenas falou a atenienses...

Como dizia Teófilo de Antioquia, «mostra-me o homem que há em ti e eu te mostrarei o meu Deus» (em Ad Autolycum), São Paulo dirigia o anúncio do Evangelho a homens concretos, atendendo ao concreto das suas vidas, comungando das suas vidas, permanecendo com eles. Os contextos em que viviam tornavam-se os contextos em que ele próprio passava a viver, evangelizando a comunidade a partir de dentro.

Identifico-me com isto. As minhas experiências pastorais têm mostrado que quando procuro pregar-me a mim, a minha cultura, as minhas convicções próprias sem atender às pessoas concretas a que me dirijo, posso até dizer generalidades muito bonitas, mas não passam de sementes deitadas ao vento, que não encontram nenhum solo concreto.

A concepção paulina do apostolado

Da audiência de 10 de Setembro de 2008 do Papa Bento XVI

Paulo tinha um conceito de apostolado que ultrapassava o que se relaciona apenas com o grupo dos Doze, transmitido sobretudo por São Lucas nos Actos (cf. Act 1, 2.26; 6, 2). De facto, na primeira Carta aos Coríntios Paulo faz uma clara distinção entre "os Doze" e "todos os apóstolos", mencionados como dois grupos diversos de beneficiários das aparições do Ressuscitado (cf. 14, 5.7). Naquele mesmo texto ele começa em seguida a referir-se a si mesmo como "o último dos apóstolos", comparando-se até com um aborto.Nas suas Cartas sobressaem três características principais, que constituem o apóstolo. A primeira é a de ter "visto o Senhor" (cf. 1 Cor 9, 1), ou seja, de ter tido com Ele um encontro determinante para a própria vida. A segunda característica é "ter sido enviado". A própria palavra grega apóstolos significa precisamente "enviado, mandado", ou seja, embaixador e transmissor de uma mensagem; portanto ele deve agir como encarregado e representante de um mandante. É por isso que Paulo se define "apóstolo de Jesus Cristo" (1 Cor 1, 1; 2 Cor 1, 1), o que significa seu delegado, que se põe totalmente ao seu serviço, a ponto de se qualificar também "servo de Jesus Cristo" (Rm 1, 1). A terceira característica é a prática do "anúncio do Evangelho", com a consequente fundação de Igrejas. De facto, o título de "apóstolo" não é nem pode ser título honorífico. Ele compromete concreta e também dramaticamente toda a existência da pessoa interessada. Na primeira Carta aos Coríntios Paulo exclama: "Não sou apóstolo? Não vi eu a Jesus Cristo, Nosso Senhor? Não sois vós a minha obra no Senhor?" (9, 1).

segunda-feira, 9 de março de 2009

O ambiente religioso-cultural na época de S.Paulo

Gostaria de pegar naquela que foi a primeira catequese de Bento XVI neste ciclo sobre S.Paulo que se prolongou por 20 sessões. Começa o Papa por se referir ao ambiente onde Paulo estava inserido, um aspecto que é determinante para quem desejar conhecer a fundo a vida e os escritos do apóstolo. Vindo de uma cultura específica mas minoritária como a é a do povo de Israel, Paulo experimentava essa distinção em relação ao ambiente abrangente do Império romano. A sua missão vai depois desenvolver-se duma maneira nunca alheia ao que era a efervescência da cultura grega, desde Alexandre Magno. Todos esses factores tinham uma determinada expressão, com a qual Paulo soube jogar para se lançar na aventura da inculturação do Evangelho. Por outro lado, e igualmente incontornável, a estrutura político-administrativa do império romano torna-se responsável pela unificação de um território com dimensões até então nunca vistas. É graças à mão dos romanos, que Paulo dispõe de condições essenciais a um viajante como ele, tais como: possibilidade de se mover com liberdade e segurança, usufruir de um sistema rodoviário inovador e o próprio facto de encontrar em cada ponto de chegada, um determinado conjunto de características culturais de base, sobre as quais se podia debruçar e trabalhar. Para alguém com uma visão universalista como S.Paulo, tais características foram fulcrais para o empreendimento da sua missão. A peculiaridade de Paulo passa aliás por ser considerado como um homem de três culturas, já que engloba uma matriz judaica, a língua grega e a sua prerrogativa de direito de cidadão romano, conforme atesta o nome de origem latina. Paulo possui desta forma, uma versatilidade visível, que lhe permite ir ao encontro da filosofia estóica que na sua altura proliferava. Paulo não corta com a filosofia humanista vigente, mas impregna-a com um novo sentido que é cristológico; também no episódio do Areópago de Atenas, Paulo utiliza um discurso que vai de encontro ao que é o universo concepcional e de sentido que ali se encontra. Só assim fazem sentido as palavras de Paulo que nessa ocasião dizem que Deus não habita em santuários de mãos humanas, mas é n´Ele vivemos, nos movemos e existimos. Com esta estruturação Paulo não fecha a porta às várias realidades vivenciais e religiosas, mas propõe-se dar testemunho da fé cristã no seio de todas essas dimensões.

O ofício de Paulo


Vários são os momentos das suas cartas em que Paulo se refere ao seu trabalho como forma de sustento próprio. Muitos estudiosos têm tentado perceber que tipo de trabalho era esse e que importância tinha na missão de Paulo. Faço aqui um breve resumo a partir do capítulo 4.1 da obra Pablo de Tarso e los origenes cristianos, de Giuseppe Barbaglio.

Em Act 18 ficamos a saber que, assim que chega a Corinto, Paulo emprega-se no atelier de Aquila e Priscila. O termo usado é zkenopoios, fazedor de tendas (mas também pode significar trabalhador do couro).
Talvez tenha aprendido este ofício com o seu pai, como frequentemente acontecia entre os judeus, segundo a doutrina dos rabinos que obrigava o pai a ensinar um ofício aos filhos, ao mesmo tempo que se empenhavam no estudo da lei mosaica.
Nas suas cartas Paulo nunca diz qual o trabalho de que se ocupava. Em 1Ts 2, 9, diz que trabalhava duramente noite e dia para não ser um peso para ninguém. Em 1 Cor 4, 12, diz: «cansamo-nos a trabalhar com as nossas próprias mãos», integrando essa necessidade de trabalhar na via crucis que tem de percorrer diariamente como discípulo do Senhor.
Paulo não precisaria de trabalhar, se não quisesse. As comunidades concerteza mantê-lo-iam. Mas para ele era essencial não se tornar pesado às comunidades e, a isso, aliar a liberdade e a eficácia de um anúncio gratuito e desinteressado. Como dizia em 1Cor 9, 15-18, «Eu, porém, não me aproveitei de nenhum desses direitos, nem tão pouco estou a escrever para os reclamar. Preferiria antes morrer do que... Ninguém me poderá privar deste título de glória. Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar! Se o fizesse por iniciativa própria, mereceria recompensa; mas, não sendo de maneira espontânea, é um encargo que me está confiado. Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere.» O prémio do Apóstolo não está nas coisas materiais e o anúncio do Evangelho não é um projecto dele, mas de Jesus. Não era no dinheiro que Paulo estava interessado, mas nas pessoas: «não procuro as vossas coisas mas a vós mesmos» (2Cor 12, 14). Exactamente por este motivo é que Paulo gastará a sua vida ao serviço das comunidades que visita, em nome do Evangelho de Cristo. Não há salário que pague a vida de Paulo, só Cristo Crucificado, centro da pregação do Apóstolo, paga essa dívida!
Mas entenda-se que o facto de decidir sustentar-se a si mesmo, Paulo não ficou cego com esta opção. Por isso, quando estavam postas de lado todas as possibilidades de mal-entendidos acerca das suas intenções, não recusava a ajuda das comunidades (Cf. Fl 4, 14-16).
No contexto cultural de Paulo, o trabalho manual não era visto pelos hebreus como humilhante, como se pode constatar pela história do povo de Deus que nos é transmitida através das Escrituras. O homem que trabalhava não era um ser inferior e muitos rabinos, paralelamente à função de ensinar, mantinham trabalhos manuais como forma de viver sem sobrecarregarem os discípulos. Mas se nos referirmos à cultura greco-romana, isso já não era assim. O trabalho manual era olhado de forma depreciativa. O ideal era que o homem pudesse dedicar-se inteiramente à formação do espírito deixando os trabalhos manuais para os escravos. Claro que esta atitude era suportada pelos grandes filósofos gregos como Aristóteles e, também, pelos letrados romanos, como Cícero.
Neste contexto, nas cidades onde se encontrava, Paulo pertencia às camadas mais baixas da sociedade, facto de que ele próprio tinha consciência, como se vê em 2Cor 11, 7, quando se refere humilhado: «Porventura cometi alguma falta, ao humilhar-me para vos exaltar, quando vos anunciei gratuitamente o Evangelho de Deus? Despojei outras igrejas, recebendo delas o sustento para vos servir, e encontrando-me necessitado no meio de vós, não fui pesado a ninguém, pois os irmãos vindos da Macedónia é que proveram às minhas necessidades». O que importa considerar é que, por causa dos trabalhos que realizava, não podemos incluir Paulo na camada dos incultos, como pensavam os gregos, mas entre os cultos, como provam as suas cartas.
Podemos pensar que o seu trabalho o privava de tempo precioso à evangelização, mas o facto é que Paulo nunca deixou de encontrar ocasiões para evangelizar quer estivesse a trabalhar, quer estivesse preso, quer estivesse a viajar de barco entre cidades. Aliás, este é um aspecto não depreciável do seu trabalho: a pregação no contexto de uma comunidade de vida e trabalho.

sábado, 7 de março de 2009

Retirados com S.Paulo

Pretendo com este texto não tanto fazer uma exposição sobre S.Paulo mas partilhar alguns ecos do retiro que a comunidade do seminário dos Olivais teve a graça de viver e que teve precisamente em S.Paulo a sua temática principal. Parece-me enriquecedor trazer isso para o nosso blog, porque a teologia sem uma atitude orante interior a si, será irremediavelmente uma teologia redutora, não centrada na fonte donde lhe vêm todos os seus tesouros. A teologia faz-se de joelhos, e se assim é, todos os que de nós estivemos fora durante esta semana, ficando assim impossibilitados de comparecer às aulas, não mandámos propriamente a teologia dar uma curva. Pelo contrário, um retiro constitui um momento privilegiado para darmos novo sentido ao estudo da teologia e ao que ela significa para nós. Dentro deste espírito, o nosso caro S.Paulo foi para mim uma figura marcante no decurso destes dias. Não bastava já ser uma figura central da teologia, como se revelou agora para mim, uma personagem incontornável da espiritualidade cristã. Não admira por isso a sua vasta e exímia amplitude dentro do universo cristão e tal advem-lhe do facto de reflectir sempre o seu brilho para Cristo. Sem Ele, a vida de Paulo seria sempre uma odisseia, sem dúvida digna de registo, mas pouco mais que isso. Percorrer os passos de S.Paulo foi um pouco da experiência do retiro e ver que os nossos pés também cabem nas suas pegadas, é uma descoberta ímpar que somos todos chamados a fazer. Paulo faz-nos compreender que o Cristianismo é uma experiência humana, que encarna totalmente na nossa vida. É uma experiência que se faz na vida quotidiana do mundo, onde descobrimos os traços do transcendente a habitar connosco esta terra. Não se trata de algo exterior a nós, mas de uma vida que podemos tocar com estas mãos, ainda que sempre com o pressentimento de ainda não o alcançarmos totalmente. Mas é precisamente isso que nos dá o anseio de não nos darmos por satisfeitos ou de, ingenuamente pensarmos que a nossa meta está alcançada. É este desejo que podemos presenciar em Paulo e que o faz despojar-se de si, porque ele entende a certa altura, que a sua vida não é outra senão a vida de Cristo.
Pude verificar nestes dias em Paulo, a imagem do paradoxo, que tão explicitamente transparece nas palavras do próprio apóstolo. E de facto, que é o Cristianismo senão uma contínua experiência paradoxal, que parece esmagar-nos, mas ao mesmo tempo, constitui um caminho provocatório aliciante? Como se pode ser forte, quando se é fraco? Como se pode pregar num grito jubiloso, um Cristo crucificado? Como pode fazer sentido considerar tudo como lixo? Como pode um homem gloriar-se nas suas fraquezas? Como pode ser a cruz o auge do divino no meio dos homens? Como? E o mais bizarro é que isto pode tardar a fazer sentido, pode demorar uma vida a perceber. Sabemos que não vamos lá apenas com um esforço intelectual ou com um raciocínio bem estruturado. Este domínio nesta compreensão não o alcançaremos; resta-nos a esperança de que tal como aconteceu com S.Paulo é Ele que nos alcança.