segunda-feira, 9 de março de 2009

O ambiente religioso-cultural na época de S.Paulo

Gostaria de pegar naquela que foi a primeira catequese de Bento XVI neste ciclo sobre S.Paulo que se prolongou por 20 sessões. Começa o Papa por se referir ao ambiente onde Paulo estava inserido, um aspecto que é determinante para quem desejar conhecer a fundo a vida e os escritos do apóstolo. Vindo de uma cultura específica mas minoritária como a é a do povo de Israel, Paulo experimentava essa distinção em relação ao ambiente abrangente do Império romano. A sua missão vai depois desenvolver-se duma maneira nunca alheia ao que era a efervescência da cultura grega, desde Alexandre Magno. Todos esses factores tinham uma determinada expressão, com a qual Paulo soube jogar para se lançar na aventura da inculturação do Evangelho. Por outro lado, e igualmente incontornável, a estrutura político-administrativa do império romano torna-se responsável pela unificação de um território com dimensões até então nunca vistas. É graças à mão dos romanos, que Paulo dispõe de condições essenciais a um viajante como ele, tais como: possibilidade de se mover com liberdade e segurança, usufruir de um sistema rodoviário inovador e o próprio facto de encontrar em cada ponto de chegada, um determinado conjunto de características culturais de base, sobre as quais se podia debruçar e trabalhar. Para alguém com uma visão universalista como S.Paulo, tais características foram fulcrais para o empreendimento da sua missão. A peculiaridade de Paulo passa aliás por ser considerado como um homem de três culturas, já que engloba uma matriz judaica, a língua grega e a sua prerrogativa de direito de cidadão romano, conforme atesta o nome de origem latina. Paulo possui desta forma, uma versatilidade visível, que lhe permite ir ao encontro da filosofia estóica que na sua altura proliferava. Paulo não corta com a filosofia humanista vigente, mas impregna-a com um novo sentido que é cristológico; também no episódio do Areópago de Atenas, Paulo utiliza um discurso que vai de encontro ao que é o universo concepcional e de sentido que ali se encontra. Só assim fazem sentido as palavras de Paulo que nessa ocasião dizem que Deus não habita em santuários de mãos humanas, mas é n´Ele vivemos, nos movemos e existimos. Com esta estruturação Paulo não fecha a porta às várias realidades vivenciais e religiosas, mas propõe-se dar testemunho da fé cristã no seio de todas essas dimensões.

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