terça-feira, 10 de março de 2009

Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo (1Cor 9, 22b)

É esta a frase que elejo em São Paulo. São Paulo não era homem de chegar com uma pregação pré-fabricada, ou com um tipo de postura do tipo "pack" que depois desembrulhava e aplicava nos sítios por onde passou. São Paulo nunca procurou impor-se a ninguém. Pelo contrário, partia da realidade que encontrava e fazia caminho a partir daí. Com os gentios, foi gentio e percebeu que a Lei e a circuncisão não tinham de lhes ser impostas; com os judeus foi judeu. Onde estava trabalhava; em Atenas falou a atenienses...

Como dizia Teófilo de Antioquia, «mostra-me o homem que há em ti e eu te mostrarei o meu Deus» (em Ad Autolycum), São Paulo dirigia o anúncio do Evangelho a homens concretos, atendendo ao concreto das suas vidas, comungando das suas vidas, permanecendo com eles. Os contextos em que viviam tornavam-se os contextos em que ele próprio passava a viver, evangelizando a comunidade a partir de dentro.

Identifico-me com isto. As minhas experiências pastorais têm mostrado que quando procuro pregar-me a mim, a minha cultura, as minhas convicções próprias sem atender às pessoas concretas a que me dirijo, posso até dizer generalidades muito bonitas, mas não passam de sementes deitadas ao vento, que não encontram nenhum solo concreto.

2 comentários:

  1. Muito bem! Mas olha que S. Paulo era um homem de convicções muito fortes...um homem de uma só coisa! Quando dizes que nunca procurou impor-se podes dar a ideia de que era um bocadito delicodoce, não achas?

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  2. Oh Daniel, não tem nada a ver com a diabetes e a quantidade de açúcar no sangue! :) Estou a querer dizer que ele nunca quis impor-SE, ou seja, nunca quis pregar-se a si mesmo, nunca quis que a sua medida tivesse de ser a medida de todos. Claro que ele tinha convicções, mas isso não significa levar tudo à frente, nem tão pouco faz dele um homem amargo (não-delicodoce). ;)

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