A frase que elejo de S.Paulo é: “Tudo posso n´Aquele que me fortalece”. (Fl 4, 13)
Sem dúvida, que a frase é das que ficam no ouvido e marca pontos pela forma in nuce com que exprime o pensamento de S.Paulo. Aliás, o apóstolo diz exactamente isto depois de referir as privações por que tinha passado e pela maneira como as encarava da mesma forma como encarava os momentos de bonança na sua vida. Para mim, parece claro que a frase se insere numa fase da nova vida de Paulo. Só depois de um encontro arrebatador como o que teve, o pode fazer exprimir-se assim. Talvez na primeira fase da vida, o apóstolo dissesse apenas para consigo: “Tudo posso!” E de facto, os planos de Paulo nessa fase não estavam propriamente a sair frustrados, pelo contrário, Paulo exercia a sua missão de forma diligente e com sucesso. Mas agora arrisca uma frase mais profunda, não tão centrada em si. É a experiência de quem se descobre na sua miséria, mas ao mesmo tempo, animado e sustentado por uma vida nova que não tem em si a sua fonte. É uma situação de extremos, em que o nada da vida humana se depara com o tudo do Transcendente.
Para mim, a frase não pode ser pronunciada de uma maneira leve. Afirmar isto e viver ancorado nesta esperança, exige um caminho progressivo. Eu próprio me interrogo se de facto, isto é algo que toma conta de mim e se o posso dizer de forma autêntica, porque a experiência cristã que vou fazendo faz-se no confronto entre o “homem velho” que em mim existe e o “homem novo” que Cristo me dá como nova realidade na qual posso participar. A primeira “instância” é instável, tão depressa me faz querer acreditar nas minhas capacidades, como tão depressa me faz cair no desânimo e me segreda insistentemente que nada valho e que por isso, me devo resignar ao fracasso. O “homem novo” faz-me despojar de mim, fazendo-me compreender o amor de Deus por mim e o caminho libertador que é segui-l´O. É outro registo, é algo que me faz olhar as coisas não já a partir dos meus critérios, mas a ver tudo como uma vitória se em cada coisa, puser o “selo” de Deus.
Dizer que o homem é limitado depois desta experiência, parece insultuoso para com Deus e revela a nossa pouca fé. Abrir-me a Ele será uma experiência constante de olhar sempre além e ver caminho a percorrer; não um caminho impossível, mas um caminho onde cada passo me vai dando uma nova visão de conjunto, que me faz ansiar por continuar a percorrê-lo.
Portanto, caros colegas, confiando nesta frase de S.Paulo, não temos que temer a cadeira de “Escritos Paulinos” nem qualquer outra, porque com Cristo tudo se faz…
terça-feira, 17 de março de 2009
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Que curiosa conclusão!
ResponderExcluirSim, uma conclusão de génio! :)
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